Flora — Anne Weale


Flora (Flora) — Melhores Histórias de Clássicos Históricos nº 01

Personagens: Flora Jackson & Caspar George Edward Lomax

1º livro da série Longwarden Saga

O romance apaixonante de uma mulher que se entrega ao amor como uma flor: desabrocha aos beijos do sol...

Uma bela eurasiana, dividida entre duas raças e dois mundos, mas repudiada pelas duas sociedades! Uma jovem pura e virgem, cuja paixão e o fogo do desejo só um homem teria o poder de despertar...

Dos confins mais remotos da China ao ambiente corrupto da decadente Xangai, Flora enfrenta a tortura da violação de seu corpo. Mas permanece livre para conhecer a sensualidade nos braços do homem amado.

Na Inglaterra, para onde é levada, nos luxuosos castelos e nas requintadas mansões do início do século, a traição, a hipocrisia e a intriga a espreitam, ameaçando seu amor.

Filha de uma chinesa e um inglês, Flora Jackson perdeu os pais muito cedo e foi criada por um missionário francês que lhe ensinou matemática, francês, latim e basicamente tudo mais que ela precisaria saber para ser uma mulher culta. Quando Flora completa dezessete anos, é violentada por um estrangeiro bêbado, mas salva por um inglês de olhos frios que promete ao padre moribundo cuidar de Flora.

O cuidado vem na forma de um pedido de casamento, para espanto dela. Enquanto Flora fica com a tia de Caspar, ele viaja, usando suas amantes para comprar roupas e joias para Flora, sem nunca fazer menção de tocá-la. Mas aos poucos, o que quer que fosse que Caspar sentisse por Flora se transformou em amor...

Minha opinião:

Taí. Flora é mais um daqueles livros inesquecíveis, um dos clássicos bodice rippers que estiveram em voga nos anos 1980. Para quem não sabe, os bodice rippers tinham mocinhas indefesas e mocinhos que a salvavam. Algum tempo depois, os mocinhos que a salvavam também se tornaram os príncipes sapos, ogros, cretinos e afins (viu, o blog também é cultura!). No caso de Flora, o mocinho é apenas salvador. Ufa!

Então, o livro se passa num período histórico que não é frequentemente visitado em romances — 1903. Se o período é incomum, a herança cultural de Flora é ainda mais: meio-inglesa, meio-chinesa, com características marcantes das duas culturas, apesar de a chinesa ser mais predominante. A menina é, no mínimo, exótica, pois além da aparência distinta, Flora é genial. E isso a incomodava um pouco, pois parecia que nenhum homem apreciava mulheres inteligentes, que questionassem. Felizmente, Caspar é diferente, e um convidado de um jantar, também diferente, até esclarece o impasse:

— Fui criada numa Missão Católica Francesa, onde o padre era um homem de extrema cultura. Como não havia outros europeus sob sua tutela, ele foi generoso o bastante para tentar desenvolver a minha inteligência limitada e transmitir uma pequena parcela de seus conhecimentos. Com tal professor, até uma menina acabaria aprendendo...

— Ora! Não precisa fingir para mim, minha cara! Tenho uma filha intelectual, “a ovelha negra da família”, mas eu aprecio demais as mentes cultas. Não há necessidade de se comportar como a maioria das mulheres, isto é, como uma imbecil! Se quer saber minha opinião, não são os homens que repudiam as mulheres inteligentes e cultas... São as próprias mulheres. Se for esperta, você evitará comentar entre elas o fato de ler clássicos em latim, grego ou francês... Prometo não revelar seu segredo “vergonhoso”!
Então, inteligente, bonita, nada fútil, casada com o gostoso do Caspar... Seria perfeito, se o fato de ter vivido numa redoma não tivesse deixado Flora muito ingênua — nada que beirasse a burrice, felizmente.

Caspar é um cara muito misterioso. Ele é um nobre — até agora não sei se é um duque ou um conde, porque as duas palavras são repetidas vezes sem conta no livro —, mas prefere viajar pelo mundo como um anônimo. O cidadão tem muitas amantes — algumas até depois de se casar com Flora, mas como ele não tinha consumado o casamento com ela e ela também não seria muito fã da ideia de dormir com ele depois de ter sido violentada, eu até perdoo o rapaz —, uma aura de perigo, de mistério. É cínico e brutalmente objetivo, como quando alerta Flora para as origens da, até então, desconhecida amante.

No fim, os dois são personagens profundos — em 3D praticamente — que visivelmente deixaram sua marca no mundo, e isso é perceptível no epílogo, que me deixou com um gostinho de quero mais (além de me fazer chorar como um bebê), pois a jornada de Flora é fascinante. Para terminar, Flora é o primeiro de uma série de quatro livros, mas parece que nenhum dos três foi publicado aqui.

5 Comentários
  • Oi Lidy!

    Desculpe o sumiço, mas estou coladinha aqui no blog.

    Sempre tive muito medo desse livro, ao ponto de ter ele em mãos e me desfazer dele sem ler.

    Sim, um verdadeiro sacrilégio principalmente agora depois que li essa sua resenha tão perfeita!

    Sempre tive medo do mocinho pelos motivos óbvios que vc citou.

    Fiquei tentada a me desfazer desse engano, graças a sua resenha.

    bjos
    Mara

  • Cunhada!

    Pois é, no final das contas eu também sumi *chora*

    Ah, não fica com medo da Flora não. A coitadinha é inofensiva. Sabe aqueles livros densos que a gente não acha mais por aí? Então... minha revolta com ele até hoje é que minha mãe colocou no meio dos livros que a minha vizinha emprestou e nunca mais vi. Afff! Na próxima vez que achar no sebo, agarro e nunca mais solto.

    Bjos

  • Eu emprestei e não me devolveram

  • Eu também emprestei o meu e nunca mais o vi.

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