Mr. Perfect — Linda Howard


Mr. Perfect (não publicado no Brasil)

Personagens: Sam Donovan & Jaine Bright

O que torna um homem perfeito?

Esse é deliciosamente picante que Jaine Bright e suas três amigas estão pensando uma noite em seu local preferido de happy hour: o Homem Perfeito. Ele seria alto, sombrio e bonito? Cuidadoso e carinhoso — ou só musculoso é o bastante? Jaine Bright e suas amigas começam com o básico: ele seria fiel e confiável, o tipo responsável, e teria um grande senso de humor.

Mas quando a conversa fica animada, também ficam os requerimentos do quarteto para o Homem Perfeito enquanto elas anotam uma lista divertida e picante. Depois, a Lista, como passa a ser chamada, se torna uma sensação do dia para a noite, espalhando-se pela empresa como fogo vivo e atraindo o interesse de jornais locais e cobertura na televisão. Ninguém esperava essa avalanche de atenção por algo que começou como uma piada entre amigas. Mas a piada logo fica séria quando uma das quatro mulheres é assassinada...

O suspeito número um no caso é o namorado da vítima, que foi um dos homens que achou a Lista sexista e ofensiva. Um álibi impenetrável o livra da cadeira, mas um perseguidor mortal ameaça as três amigas restantes. Agora, com a ajuda do vizinho de Jaine, um detetive imprevisível, o quebra-cabeça deve ser resolvido enquanto o sonho do Homem Perfeito se torna um arrepiante pesadelo.

Segundo Jaine Bright e suas três amigas, o homem perfeito tem que ser um cara legal, responsável, em boa situação financeira e capaz de dar prazer a uma mulher. A lista de “requerimentos” era para ser uma brincadeira entre amigas, mas quando ela é publicada no newsletter do trabalho e passa a rodar o país, a coisa explode e Jaine, Marci, Luna e TJ passam a ser perseguidas — pela mídia e por um assassino em série.

Como se não bastasse a tensão da lista, Jaine é atraída por Sam Donovan, o vizinho que, até dias antes, ela achava ser um traficante bêbado. A convivência forçada leva a uma tensão sexual incrível que pode se transformar em algo maior. E, mesmo com todos os problemas, era a proximidade e o trabalho de detetive de Sam que poderia manter Jaine e as amigas seguras.

Minha opinião:

De novo, passei o dia com vontade de ler alguma coisa — o desejo da vez foi um livro da tia Lindona. Pensei em ler Missão Mackenzie, mas lembrei de um diálogo publicado no tópico de trechos engraçados na Adoro Romances, na época do Orkut, e falei: “oba! É ele!”. E francamente, se eu soubesse que esse livro era tão bom, eu teria lido antes, bem antes.

Apesar de a ideia parecer fútil — uma lista com as qualidades do homem perfeito —, confesso que a questão é que todo mundo tem uma exigência para um parceiro; não é um “tipo”, mas uma qualidade, uma característica marcante que é indispensável. Há pessoas que gostam de pessoas mais românticas, outras de pessoas com mais “pegadas”, outras ainda que ficam no meio-termo; umas que precisam de alguém independente, outras nem tanto, e por aí vai.

O homem perfeito de Jaine e suas amigas é fiel; gente boa; confiável; trabalhador; bem-humorado; financeiramente confortável; bom de se olhar; bom de cama; bem-dotado e capaz de durar até meia hora na cama. Há outros atributos, mas os dez básicos estão aí. E, como apontado durante a discussão, os cinco primeiros itens são fundamentais — ou pelo menos desejáveis — em qualquer pessoa. Mas, por mais razoável que seja, a lista ainda vai causar problemas, que variam das ameaças, à admiração, aos homens revoltados e aos relacionamentos que precisam ser urgentemente reavaliados e podem ou não valer a pena.

Como eu não acredito na ideia de um homem perfeito, fico muito feliz em avisar que Sam se encaixa confortavelmente em todas as categorias. ;-) Apesar de Jaine e ele terem começado o relacionamento com o pé esquerdo, quando as coisas se ajeitam, não tem pra ninguém. Sam é o cara e os outros precisam lidar com isso:

— Me solte — ela disse, mais nervosa do que se importava em mostrar.
— Não.
— Não! — ela repetiu. — Você não pode dizer não. É contra a lei me prender contra a minha vontade.
— Não estou te prendendo contra a sua vontade; estou te prendendo contra o seu carro.
— À força!

Ele é simplesmente mara. E perceptivo e competente. E protetor. Quando uma das amigas de Jaine não aparece no trabalho, Sam não se contenta em apenas descobrir se houve um acidente de trânsito no caminho; ele faz outros policiais irem à casa de Marci e, quando descobrem que ela foi assassinada, vai com Jaine ao legista, fica para confortá-la e se assegura de que ela, Luna e TJ tivessem todas as informações necessárias para se manterem seguras. Em nenhum momento ele duvida que a Lista atraíra a atenção de algum lunático.

Aliás, eu mencionei a tensão sexual e as constantes discussões deles?

— Doçura, os únicos especialistas em TPM são homens. É por isso que homens são tão bons em guerrear; eles aprenderam Escapar e Evasão em casa.
Ela pensou em jogar uma frigideira nele, mas Booboo estava na linha de fogo, e de qualquer forma, ela primeiro teria que achar uma frigideira.
Ele riu ante a expressão em seu rosto.
— Sabe por que TPM se chama TPM?
— Não se atreva — ela ameaçou. — Apenas mulheres podem fazer piadas de TPM.
— Porque “doença da vaca louca” já existia.
Esqueça a frigideira. Ela olhou ao redor por uma faca.
— Saia da minha casa.

Jaine é a parceira ideal para Sam. Ela sente uma dose de medo dele — também, ele parecia o clássico vizinho beberrão e mal-encarado saído de um filme —, mas não evita ir à briga quando sabe que é um direito dela. Ela enfrenta qualquer um; o problema é que ela não sabe quando parar. Outra coisa que eu não entendi, mas que não me incomodou muito, foi o fato de ela ter decidido que deveria evitar relacionamentos por ter rompido três noivados. Tragédias acontecem, mas talvez essa independência afetiva — ela não fica nos cantos chorando as pitangas — tenha contribuído para ela ser a pessoa que é. E como o livro é narrado em maior parte do seu ponto de vista, não foi uma tortura lê-lo, como é o caso com alguns.

O suspense das ameaças é terrível, mas não é por isso que o livro vira uma coleção de momentos fúnebres. Apesar de tudo, Jaine e as amigas tentam seguir em frente, lidando com o sofrimento da maneira que pudessem. Marci é, de longe, a amiga mais divertida do grupo. TJ vive à sombra do marido em um casamento deteriorado que pode ir em frente ou não. Com Luna eu tive um pouco de problemas, mas não posso dizer que eu queria que alguma delas morresse. A identidade do assassino não é exatamente segredo, mas é preciso certo grau de loucura para se adiantar à grande reviravolta que é o final... Mesmo com todas as dicas, há uma coisa que não se encaixa, para a agonia de Sam.

Quanto ao assassino, me divido entre raiva e dó. Durante a leitura, o associei a vários assassinos em série da literatura e do cinema, e o resultado foi mais dó que qualquer outra coisa, porque a questão é adoecimento e influência familiar e social. Com uma infância trágica — e mesmo esse é um termo suave demais para descrever a extensão dos danos — e uma adolescência pior, não é realmente uma surpresa que o assassino tenha enlouquecido, se tornando um sociopata — e nas cenas dele, é óbvio que ele estava sofrendo, porque ele fala o quanto a lista era dolorosa para ele.

De mais a mais, eu queria muito que Linda Howard pensasse seriamente em escrever os livros dos irmãos de Sam, daquela(s) amiga(s) que sobreviveu(ram) ou que desse uma continuação, ainda com Sam e Jaine como protagonistas. Não apenas seria ótimo ter uma oportunidade de revê-los, mas considerando tudo, eles ainda têm muita coisa para contar.

PS: ele pode ser encontrado “por aí” com o título O Homem Perfeito. ;-)

1 Comentário
  • Oi, cunhada... saudades!

    "Quanto ao assassino, me divido entre raiva e dó. Durante a leitura, o associei a vários assassinos em série da literatura e do cinema, e o resultado foi mais dó que qualquer outra coisa, porque a questão é adoecimento e influência familiar e social. Com uma infância trágica — e mesmo esse é um termo suave demais para descrever a extensão dos danos — e uma adolescência pior, não é realmente uma surpresa que o assassino tenha enlouquecido, se tornando um sociopata — e nas cenas dele, é óbvio que ele estava sofrendo, porque ele fala o quanto a lista era dolorosa para ele."

    Sua análise está perfeita, mas admito que esse é um dos motivos de não ter continuado a leitura, apesar de ter iniciado ela várias vezes... :(

    Sam lembro bem... era um dos campeões das passagens na nossa Velha AR do Orkut e sinto muita vontade de conhece-lo plenamente...

    Um dia tomo coragem...

    Ótima resenha!
    Mara

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