O Príncipe dos Canalhas — Loretta Chase


O Príncipe dos Canalhas (Lord of Scoundrels) — ISBN: 9788580413991

3º livro da série Scoundrels

Personagens: Jessica Trent & Sebastian Leslie Guy de Ath “Dain” Ballister

Sebastian Ballister é o grande e perigoso marquês de Dain, conhecido como lorde Belzebu: um homem com quem nenhuma dama respeitável deseja qualquer tipo de compromisso. Rejeitado pelo pai e humilhado pelos colegas de escola, ele nunca fez sucesso com as mulheres. E, a bem da verdade, está determinado a continuar desfrutando de sua vida depravada e pecadora, livre dos olhares traiçoeiros da conservadora sociedade parisiense. Até que um dia ele conhece Jessica Trent...

Acostumado à repulsa das pessoas, Dain fica confuso ao deparar com aquela mulher tão independente e segura de si. Recém-chegada a Paris, sua única intenção é resgatar o irmão Bertie da má influência do arrogante lorde Belzebu.

Liberal para sua época, Jessica não se deixa abater por escândalos e pelos tabus impostos pela sociedade — muito menos pela ameaça do diabo em pessoa. O que nenhum dos dois poderia imaginar é que esse encontro seria capaz de despertar em Dain sentimentos há muito esquecidos. Tampouco que a inteligência e a virilidade dele pudessem desviar Jessica de seu caminho.

Agora, com ambas as reputações na boca dos fofoqueiros e nas mãos dos apostadores, os dois começam um jogo de gato e rato recheado de intrigas, equívocos, armadilhas, paixões e desejos ardentes.

Jessica saiu da Inglaterra para Paris para salvar o irmão mais novo e idiota da influência maligna do Marquês de Dain, um nobre corrupto e devasso. Mas, ao chegar, descobre que não apenas Bertie tornaria sua missão difícil, mas também que Dain era o homem mais bonitão e desejável da Terra... Por que ninguém avisou isso?

O filho desejado, porém detestado de um pai fanático e inflexível, Sebastian lutou para chegar ao topo. Rejeitado por todos, ele se dedicou desde cedo a se tornar o pior que poderia ser a fim de corresponder às expectativas das pessoas. Bertie Trent o irritava, mas era a irmã dele, uma solteirona sexy, que fazia o sangue de Sebastian ferver. E quando duas pessoas teimosas e determinadas decidem travar uma guerra, os salões de baile de Paris pegam fogo.

Minha opinião:

Eita, que livro difícil de resenhar! Não é porque falta qualidade, mas é pela dó de soltar spoilers. Quando eu li pela primeira vez, traduzido pelas meninas da Adoro Romances (Orkut), achei um abuso a Nova Cultural não ter publicado esse livro depois de desfazer o contrato com a Harlequin e assinar com a Avon/HarperCollins — que agora pertence à Harlequin, mas isso não vem ao caso.

O Príncipe dos Canalhas é um livro bem famoso nos EUA. Entra ano e sai ano, ele é presença frequente na lista de “Melhores livros do ano” (apesar de ter sido lançado em 1995, sempre tem gente descobrindo coisa nova) ou “Melhores livros de todos os tempos”, superando até clássicos como Jane Austen, as irmãs Brontë e Shakespeare. Ele até tem seu próprio artigo na Wikipédia.

Agora, o que faz desse livro tão especial? O simples fato de Jessica ter um cérebro e massa cinzenta mais que suficiente para aceitar todos os desafios de Dain (a altura e de maneira invejável) e ainda lançar uns próprios. Ela não é o tipo de pessoa que aceita desaforo calada e parte pra luta — ou pro tiroteio, conforme for o caso. E mesmo com essa qualidade mais... Ardente, ela é sensível o bastante para saber a quantidade de pressão que precisa aplicar em Sebastian para conseguir o que quer, e virar o jogo é com ela mesmo:
— Sim, eu sei — disse ela, balançando a cabeça tristemente. — Temo que o senhor nunca mais consiga recuperar a sua reputação.
Ele sentiu uma pontada de inquietação. Ignorou a sensação e, com uma risada, deu uma olhada ao redor, observando a plateia fascinada.
Mia cara, é sua própria repu...
— Lorde Dain foi visto na companhia de uma dama — disse ela. — Foi visto e ouvido cortejando-a. — Ela levantou os olhos cinzentos que reluziam. — Foi adorável. Eu não fazia ideia de que o italiano era tão... Envolvente.
— Eu estava falando sobre esgotos — disse ele, lacônico. — Não sabia. Nem eu nem ninguém aqui, tenho certeza. Todos acham que o senhor estava se declarando. — Ela sorriu. — Para a irmã solteirona do paspalho do Bertie Trent.
(...)
— Dain — disse ela, em voz baixa e firme. — Se você não soltar a minha mão neste instante, eu vou beijá-lo. Na frente de todo mundo.
Sebastian — ele passa o livro todo sendo chamado de Dain, mas eu acho isso muito impessoal — é traumatizado. Por ser feio, foi rejeitado pelo pai; o livro não diz claramente, mas o pai dele fez da vida da mãe de Sebastian um inferno (pensa no Thronos), levando-a a fugir com o amante. Os sentimentos de Sebastian ainda são bastante conflitantes, já que ele nunca se permitiu sentir aquela dor, que só cresceu e foi abafada.

Há um monte de histórias tipo a bela e a fera por aí, mas O Príncipe dos Canalhas tem um charme especial. Acho que é em função de Sebastian, o famigerado “Lorde Belzebu”, e Jessica, uma femme fatale-em-treinamento que não se limita a ficar em casa chorando as pitangas serem a alma e o tempero do livro. Simplesmente não há muitos personagens como eles.

Genevieve, a avó de Jessica, é uma figura. Ela é a única voz de sabedoria quando Jessica e Dain perdem as estribeiras e dá conselhos ótimos... Tudo bem que eles fizeram tanto sentido para mim quanto para Jessica, ou seja, nenhum, mas mesmo assim, eu vi desejando ter tido uma avó como ela. Bertie, o irmão de Jessica, só me irritou. Ele não fez nada além de estar lá, sendo idiota. Nas palavras de Jessica:
Normalmente, o som do disparo de uma pistola, mesmo seguido de gritos femininos, não deixaria Jessica em pânico. O problema era que o irmão estava nas proximidades. Se Bertie estivesse perto de uma vala, cairia nela. Se Bertie estivesse próximo a uma janela aberta, certamente se debruçaria e cairia dela.

Portanto, se Bertie estava nas proximidades de um disparo, era possível que ele se encontrasse exatamente na trajetória da bala.
Bertie não é necessariamente um personagem ruim, mas eu cheguei à conclusão de que ele realmente não adiciona nada à história: em teoria, Jessica foi salvá-lo de Dain, mas o conflito entre eles ocorreu mesmo foi por uma pintura. A questão é que Bertie não é necessário, tanto que ele some.

PS: d’Esmond e Mallory são ótimos. Eu adoraria ter visto a cara do Mallory naquela cena que decide o rumo da relação de Jessica e Dain. Quem leu sabe o que é. :) Sobre isso, só posso dizer que lavou minha alma... Jessica é um exemplo a ser seguido, de várias formas.

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